De NYC para uma joia modernista
20 OUT 2022
Encantamento à primeira vista!
A história começa antes de eu conhecer o casal que atendi. Eu conheci o Edifício Pauliceia em 2020, num (re)encontro inusitado e inesperado. Obviamente, como boa parte dos paulistanos, eu frequentei muito a Avenida Paulista desde o começo da adolescência. Nessas idas, tinha meus lugares preferidos, como o Conjunto Nacional, a Martins Fontes e a Reserva Cultural. Especificamente sobre essa última, para quem não conhece, é um cinema de rua daqueles aconchegantes que sempre cheira a café fresquinho. Os filmes apresentados, na maior parte das vezes, fugiam dos blockbusters americanos e se enveredavam para filmes franceses com temáticas existencialistas ou algo que o valha. No Brasil, o resultado disso eram salas vazias, que enchiam apenas aos finais de semana (moderadamente). Bom, ao lado do Reserva, o Edifício Pauliceia sempre esteve ali, fazendo vizinhança ao prédio da gazeta e a Antena 1.
Assim, o prédio sempre esteve no meu inconsciente, mas nunca dei tanta atenção a ele até 2020, quando o conheci por dentro, vivendo e vivenciando um prédio histórico com uma energia única. O prédio é charmoso, projeto de Jacques Pillon em seu exílio no Brasil. Um dos primeiros prédios ao lados dos casarões da Av. Paulista. Seus brises e todos seus detalhes são únicos, assim como o mito de que o jardim era de Burle Marx (descobri anos depois que não era). Mas, nada ofusca a sua beleza.
Em 2021, conheci um casal de clientes recém-egressos de Nova Iorque. Ambos de Brasília, precisavam de um lar em SP, embora não conhecesse a cidade tão profundamente. De todo modo, compartilhavamos referências de gostos, como o apreço às smart cities e ao estilo sempre cosmopolita de NYC. Dentro disso, começamos as visitas justamente em uma unidade do Pauliceia. Era a planta maior - existem 3 plantas no prédio - e era para reforma. Os clientes se encantaram de casa, mas os sábios conselhos dos país, reverberavam na cabeça deles e logo eles me disseram: "não vamos escolher o primeiro, precisamos ver mais apartamentos".
E assim foi feito: visitamos apartamento nos Jardins, em Higienópolis e até em Pinheiros. Muito deles, reformados, prédios parecidos - de longe - ao Pauliceia. Depois de alguns meses procurando, cutuquei novamente sobre o Pauliceia. Fizemos reuniões, pensamos em proposta e fluxo de pagamento. Contudo, ainda não era o momento e os clientes não estavam maduros para tomar essa decisão. Meses depois, eu já tinha perdido a esperança de que comprariam. Fiquei aborrecido por dois motivos: (i) o apartamento tinha tudo a ver com o casal e (ii) queria muito vender no prédio que eu amava.
Meses depois, perto do meu aniversário, eles retornaram contatos pronto para comprar. Foi uma das vendas mais emocionantes até então, já que o match desde o início foi profundo e sincero. No dia da escritura, o sorriso no rosto do comprador era notório enquanto ouvia boas anedotas das vivências dos vendedores, que passaram a infância. Nem os 8 herdeiros e a dificuldade que isso acarretou à venda, afastaram os compradores do seu sonho.